Infelizmente muitas das coisas boas da vida não duram para sempre e certamente que os nossos skaters portugueses favoritos a viajar pela Califórnia devem estar a pensar nisso mesmo. A sensação deles neste momento, deve ser quase a mesma de quando as férias de verão chegam ao fim, pois daqui a uns dias vão estar entre nós e com esta temperatura bem fresquinha, uma vez que todos nós do lado de cá sabemos que está um frio do caraças!

Quanto a nós foi, muito bom termos recebido estes relatos da sua viagem, pois por momentos podemos ter uma boa ideia do que por lá se foi passando, em certas alturas quase que nos sentimos a viajar até lá.
Sinceramente esperamos que vocês aí desse lado do monitor também tenham tido a mesma experiência que nós.

Só nos resta mesmo agradecer ao Nuno Cardoso e ao Jorginho, por estes relatos das vossas semanas aí em L.A., temos a certeza que acrescentaram mais um bocadinho de bons momentos ao skate nacional e um bom exemplo a seguir por outros.

Uma viagem a Los Angeles é provavelmente o sonho de qualquer skater, principalmente uma que se estenda por quase um mês e meio.
Spots míticos, plazas perfeitas, a prozada toda, as sedes das marcas, praia, baywatch, The American Dream. Skatestoppers, plazas mal construídas, ninguém se conhece, para as marcas todos são apenas mais um, lixo e uma pobreza enorme à vista de todos.

Existem, pelo menos, dois lados da realidade de Los Angeles e do skate na Califórnia. Parece que muitas vezes as pessoas se esquecem disso. Andar de skate à semana só em skateparks, o trânsito é no mínimo infernal, se quisermos usar um eufemismo e distâncias difíceis de compreender para qualquer europeu. Por isso mesmo, cada skatada transforma-se automaticamente numa missão. Confesso que até acho uma certa piada à coisa, mas o grau de persistência e, principalmente, paciência exigido é enorme. Escusado será dizer que tudo o que é bom tem um preço, ou que existe sempre o negativo associado ao positivo.

Talvez poucos saibam, mas viemos para os Estados Unidos completamente à aventura, apenas com o contacto de uma pessoa que talvez conseguisse que fossemos ao Berrics. Essa pessoa era a dona da casa onde alugamos um quarto na internet e que, mal soube que andávamos de skate, nos disse que era amiga do Steve Berra.

Passados 40 dias em LA, podemos dizer que ficámos com contactos para ir lá quando quisermos, umas quantas boas filmagens para usarmos como nos apetecer, e um novo grupo de amigos sempre dispostos a receber-nos.

Pode dizer-se que esta ultima semana foi, provavelmente, a melhor de todas. Conhecemos imensos spots novos e andámos por ai a filmar todos os dias. Fomos mais umas vezes ao berrics de manha para aquecer, peço desculpa, mas sim, para aquecer, e fizemos mais kilometros por dia do que alguma vez achamos possível para andar de skate. Sensação de missão cumprida mas claramente a repetir num futuro talvez tão próximo como para a semana?

Esta crónica começou com um tom mais negativo e, progressivamente, foi evoluindo. Exactamente da mesma maneira que a nossa viagem começou connosco perdidos numa cidade 16 vezes maior que Lisboa, sem conhecer ninguém, ao ponto de termos dias em que nao sabíamos o que fazer e estávamos fartos de ir para as mesmas plazas constantemente.

Continuámos a esforçar-nos para conseguirmos integrar-nos e arranjar gente disposta a dar-nos boleias e a filmar algumas manobras. Costuma dizer-se que quem cansa sempre alcança, e foi mesmo isso que aconteceu.

Não quero escrever mais um texto enorme, porque ia falar das mesmas coisas que o anterior. Apenas quero dizer aos skaters portugueses, e no fundo a toda a gente que tem alguma paixão e algum objectivo, para nao desistirem dos vossos sonhos e para nao acreditarem que cá é tudo mais fácil. Porque a verdade é que não é. Usem o que têm e tenham como exemplo o melhor que se faz no mundo. Como muitos americanos me disseram, é mais fácil para a maioria dos skaters ganharem uma boa base de patrocínios na Europa e tentarem crescer a partir dai do que nos Estados Unidos. Parece estranho, porque a indústria Americana é muito maior. Mas na California também toda a gente anda de skate, até a senhora de 50 anos vai as compras de skate (isto é um caso verídico). E a competição é muito maior, pelo que conseguir qualquer tipo de apoio é mais complicado.

Esta foi a ideia com que fiquei, depois de ter estado a conversa com bastantes pessoas ligadas ao meio.

Resumindo e concluindo, é uma experiência a repetir rapidamente, com sorte e algumas ajudas extra..?! Recomendo a qualquer skater, pelo menos uma vez na vida.

Neste momento já chegámos a Miami, onde nos encontrámos com o França para mais uma dose de skate e aventura.

Road trip to Tampa!

Comentários

Os comentários estão fechados.