Arrancou no passado dia 24 de Março aquela que foi a 1ª Etapa da Liga Pro Skate 2022. De 24 a 27 de Março, a localidade de Ramalde no Porto recebeu pela 2ª vez uma etapa do Nacional de Skate. Passado um ano, muitas coisas mudaram nesta 2ª Etapa a nível de organização do evento e o Skatepark sofreu também um acrescento saudável: um Mini Bowl Course desenhado e construído pelo veterano incontornável do Skate, o Arquitecto Francisco Lopez, mais conhecido como França. Um dos maiores destaques deste arranque foi exactamente uma prova de Bowl no dia 26 de Março que contou com a presença de cerca de 18 Skaters numa final masculina cheia de abusos e numa final feminina com o nível a subir e as nossas Skaters a mostrarem que estão aqui para ficar e para melhorar cada vez mais.

No que respeita à prova de Street, passadas as eliminatórias e meias-finais de dia 26, o dia 27 ficou marcado não só pelas finais masculinas que albergaram o já conhecido formato de Best Trick e que fazem a delícia de muitos dos presentes, mas por, mais uma vez, a exemplo de muitas etapas no passado, pela insatisfação dos Skaters no que respeita ao cumprimento dos horários de treinos por parte da organização, mas maioritariamente pelas pontuações consideradas pelo painel de júris da Liga. É difícil para a maioria dos presentes compreender a pontuação das manobras ou das runs já que o júri pontua a maioria das prestações dos Skaters numa escala de pontuação muito reduzida e, opinião geral, de forma errada. Poderá ser interessante haver uma sensibilização da Liga para uma explicação aos participantes de quais os critérios de pontuação e de performance para uma melhor compreensão das notas atribuídas. É do conhecimento da ONSK8 que a Liga Pro segue, como não podia deixar de ser, as orientações, regras e regulamentos da World Skate, mas poderá haver bom senso se se avaliar igualmente as manobras englobando a velocidade, o obstáculo em si onde a manobra é dada, a altura da mesma, o estilo do Skater, a aterragem do toque, entre outros factores que servem desde sempre para avaliar uma performance num campeonato. As manobras neste momento são tabeladas, isto é, uma determinada manobra X é equivalente a uma pontuação Y e o problema base pode residir exactamente aqui quando eventualmente os critérios atrás mencionados podem ficar de fora e não serem considerados nas notas finais. Jurar Skate é ambíguo e uma tarefa muito trabalhosa e difícil, não é apenas um pontuar porque a “bola entra na baliza”, a exemplo do futebol (apenas um exemplo meramente ilustrativo). Um aspecto que pode merecer alguma reflexão por parte da organização e que trará benefícios a nível do bem-estar dos competidores e da credibilidade da própria Liga.

Outra das características marcantes desta etapa foi também uma clara diminuição de participantes da categoria Pro / Open mas não só, a presença do público em geral foi também bastante reduzida, resta saber por que razão, se desinteresse pelo Skate ou se por retaliação às insatisfações que se fizeram sentir, já que alguns habitués de etapas anteriores marcaram sempre presença assiduamente.

Existe uma consciência colectiva de que a Liga Pro está a tentar melhorar as condições de competitividade no Skate nacional e a prova disso são os prémios monetários de cada etapa que são sem dúvida um factor determinante na participação de muitos Skaters, bem como uma final europeia que traz sempre personalidades do Skate internacional, até porque vencer uma etapa europeia traz pontos a somar para a entrada nos Jogos Olímpicos, mas não pode apenas ficar por aí. Há muito trabalho por fazer. A mentalidade da organização da Liga é que há sempre espaço para se fazer melhor e será exactamente isso que os Skaters procuram, melhores condições de competição e bem-estar num período que desde sempre foi de festa e convívio. Que a organização da Liga cumpra essas melhorias, para que todos no Skate colhamos os frutos dessa evolução.

Os comentadores da Liga Pro continuam também a marcar presença em todas as etapas tentando entregar uma qualidade superior de comentários para quem os ouve através do Stream da Liga Pro ou mesmo em Directo na Sport TV, fazendo o melhor trabalho possível com as condições de trabalho que se lhes apresentam e que têm tido melhorias a cada etapa, sem deixarem de opinar pessoalmente sobre alguns acontecimentos, manobras, pontuações ou reflectindo sobre o Skate, mas sempre enaltecendo a modalidade e os seus Skaters que a compõem.

A próxima etapa? Portimão (passeio da Ribeirinha) de 6 a 8 de Maio com uma novidade, um novo escalão, o “Master Series”, ou seja, maiores de 30 anos. Há quem diga que ainda há muita malta a partir a loiça toda já depois dos 30. Mas já fazia falta uma categoria destas, muitos depois dos 30 e 40 pavimentaram o caminho que as camadas mais jovens do Skate hoje pisam. Nunca esquecer de onde o Skate veio é a chave de sucesso para um futuro robusto e sensato. Sem se saber o seu passado ninguém está preparado para compreender profundamente o seu presente.

Na esperança que a próxima etapa seja melhor e sempre na esperança de ver mais público a apoiar o Skate, quer como lifestyle, quer como forma de expressão, contamos ver-te no Sul do País em Maio. Até lá, sejam bons uns para os outros.

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