OK, o Jorge Simões ganhou a última Liga Pro em Almada, 3ª Etapa do Campeonato Nacional de Skate. Bom, também depois da sua prestação, era um ultraje não ser sua a vitória. Numa etapa meio atribulada a nível da insatisfação generalizada por parte do Open Masculino, o Skater favorito do teu Skater favorito veio do Porto sozinho e foi de bolso cheio para cima. O 2º Lugar pertenceu ao Gabriel Ribeiro e o 3º lugar foi arrecadado pelo mais-que-experiente-nestas-andanças Madu Teixeira.

O destaque vai para o pessoal mais novinho que, a evoluir cada vez mais e sem medos, entrou no Open contra os pesos-pesados do costume, mas que não vacilaram e tentaram o seu melhor. Props para essa malta que daqui a uns tempos terá um Skate de nível maior e mais robusto e começará a fazer mossa aos mais velhos.

Quanto às meninas, a andar cada vez melhor e a mostrar que o Skate é um espaço incrível e que juntos seremos sempre mais fortes. Com isto, 1º lugar para a Matilde Ribeiro que já se prepara para ser campeã por mais um ano (a exemplo do ano passado), um 2º lugar para um Style incrível e um Kickflip de respeito, a Leonor Rodrigues e o 3º lugar para a Carmo Gautier.

Pronto, já se falou do que é o “artigo de informação” e até aqui, tudo bem, mas e agora no Porto, como vai ser?

A organização da Liga Pro Series tem de encontrar uma solução para aquele que é o mais flagrante e importante pormenor do campeonato nacional: as pontuações dadas aos Skaters. É que em abono da verdade, a Liga Pro está bem organizada em imensos aspectos, mas o essencial, o que leva imensas pessoas a irem ou não irem às etapas, infelizmente não. E é este Elefante na Sala que tem de ser discutido internamente e de forma construtiva. Com alguma tristeza assisti pessoalmente e ouvi, depois do término de mais uma etapa, a insatisfação acerca do que tinha acontecido nas meias-finais e final pela parte de alguns dos Skaters do Open com quem conversei. Comentários como “mais do mesmo”, “não consigo entender como as mesmas manobras e runs idênticas têm resultados completamente diferentes”, ou “pontuações ao lado e abaixo para os toques que dei” e “vou deixar de aparecer”, foram alguns dos desabafos dos Skaters do Open Masculino que se sentiram mal pontuados e “injustiçados”.

Mas…. se se acha que ser júri é fácil…tiremos o cavalinho da chuva. A tarefa de Júri nunca foi fácil e apesar de terem havido melhorias em comparação com o longo caminho percorrido desde a 1ª etapa em 2021, ainda se continuam a ouvir muitos comentários menos abonatórios acerca das classificações. A questão é simples, embora a solução não o seja. Tem de haver um rigor cada vez maior e comparação de Runs, entre outros pormenores que saltam à vista. Não são assim tantos os participantes que não se possa fazer uma avaliação mais afinada e como consequência, trazer mais “justiça” às pontuações dadas em cada run / manobra. Mas não acaba aqui, de todo. A maioria das pontuações não pode ser apenas dada com base nos toques dados. A questão não é se um Bennet Grind vale mais que um Backside Nosedrive. O Skate não se jura assim. Quase todos os Skaters dão os mesmos toques, uns com um bago f tricks maior, outros menos, mas muitos dão toques idênticos. As questões têm de ser mais do género, quem dá os mais difíceis que ninguém dá e os acerta numa run ou num Best-Trick? Como está construída a run de cada Skater? De que altura são dados os toques? Um Skater do Open vai ser jurado segundo os critérios internacionais e alinhavado por estes? Então aqui o caso muda de figura, porque se alguém aqui em Portugal tem um 90, um Nyjah Huston ou um Yuto, têm 230 numa pontuação máxima de 100? Depende do critério que se usa e isto é necessário ser levado em consideração também. Quanto vale o máximo de um determinado Skater por mais manobras que dê? Há muito trabalho a fazer para sanar a insatisfação que se faz sentir de etapa para etapa. Pode-se talvez começar por aqui para se levar as coisas a bom Porto (literalmente).

Vou-me atrever a sugerir que bonito e transparente era poder-se partilhar a nota individual que cada júri deu à run / manobra do Skater. Talvez aí se pudesse entender que nada há a esconder (sem sentido pejorativo) e poder-se avaliar a perspectiva singular de cada membro do painel. De forma muito frontal, estou convencido que o júri se esforça e ninguém tem qualquer intenção de prejudicar ninguém voluntariamente, mas isso acaba por acontecer de uma forma ou de outra, e, na verdade, irá sempre ocorrer, uma vez que este trabalho é um trabalho em constante construção e muito desafiante de se realizar. Mas tem de se saber “ver” Skate, cada vez melhor e saber distinguir a fundação essencial que é saber de Skate para se poder fazer cada vez mais um trabalho de rigor e de responsabilidade. É importante reflectir que uma má nota numa boa prestação pode criar um impacto negativo em muitos Skaters, desde o deixar de aparecer como o desinteresse pelo Skate em si, especialmente para os mais novos ou os mais imaturos. Há que haver flexibilidade pela parte de todos, mas há que haver cada vez mais agulhas afinadas na pontuação. É preciso também pensar que são horas e horas a jurar. Quem é que aguenta um rigor absoluto depois de estar a jurar 100 pessoas em 2 dias? Não é simplesmente possível, e este ponto deve também ser matéria de reflexão por parte da organização do evento. Se há já imensos Skaters que deixaram de aparecer desde o momento que o Skate passou a ser um “desporto” até ao facto deste ser gerido pela Federação de Patinagem de Portugal, como é que se irá atrair mais pessoas à competição se a organização da Liga Pro Series não está a tentar resolver este flagrante que está a criar tanta insatisfação nos que já poucos aparecem?

Matéria para reflexão e mais conclusões para se tirarem na próxima etapa no Porto de 6 de 9 de Outubro.

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