Nos dias 7 e 8 de Maio de 2022 teve lugar a 2ª Etapa da Liga Pro Skate que, desta vez, rumou ao Sul do País à cidade de Portimão, onde, como era de esperar, reinou o bom tempo.
Com um público composto, a Zona Ribeirinha de Portimão recebeu os cerca de 100-120 Skaters que fizeram parte da 2ª paragem do nacional de Skate que contou também com a presença do Profissional Gustavo Ribeiro que fez as delícias dos mais novos e de tantos outros que nunca o viram a Skatar ao vivo.

O campeonato em si decorreu de forma normal, sem incidentes de percurso, com a montagem da quadra habitual que já é conhecida da maioria dos participantes, o que facilita bastante a performance destes que vão conhecendo os cantos à casa e dispõem da oportunidade de ajustarem contas com os obstáculos que ficaram pendentes em etapas anteriores. Uma quadra projectada pelo Paulo Ribeiro do Comité de Skate da Federação de Patinagem de Portugal – que é o organismo regulador do Skate em Portugal – e construída pelo Skater Pedro Roseiro e pela sua equipa.

No que respeita à performance dos Skaters em si, os mais novos estão a andar cada vez melhor, quer tecnicamente em Street como em transição. Hoje a linha de Street Vs. Transição é muito ténue, um Skater hoje “tem” de ser “híbrido” e todo-o-terreno para poder estar mais completo na sua Skatada. É bonito ver os mais pequenos a carregarem um legado e a darem o seu cunho pessoal e a elevarem o nível cada vez mais. A maioria dos Skaters mais velhos de hoje não andava melhor com a idade dos mais novos de hoje. Parece-me um futuro brilhante a nível de Skill. Oxalá seja o mesmo a nível de atitude. O Skate é uma arma. Que se expressem devidamente num futuro que chegará mais rapidamente do que estes imaginam. Que aproveitem a viagem da melhor forma possível.

Os destaques vão para os habituais do costume, mas é impossível de ignorar a performance de Skaters como o Bruno Senra (BP) que desta vez não conseguiu vencer mas foi ao podium com um sólido 2º lugar, tendo sido o 1º lugar ocupado pelo profissional da Jart, Redbull e Ericeira Surf & Skate, o Gustavo Ribeiro que, a andar apenas a 40% foi suficiente para vencer. O nível é mesmo muito elevado. O seu irmão gémeo, Gabriel Ribeiro, numa performance cada vez melhor e com um foco cada vez mais certeiro, está a trazer o Gabriel a um nível superior do que temos visto. O homem com o melhor Kickflip do mundo, embora tenha ficado em 4º lugar, anda a trabalhar à séria e a todos os níveis. Os irmãos Madu Teixeira e Pacal que fazem as delícias do público pelas suas idades mas mais pelo seu Skate continuam num frenesim de manobras e de alta performance que não deixam ninguém indiferente. O Guilherme Lima esteve muito bem também agarrando o 3º lugar com manobras técnicas de se lhe tirar o chapéu. Hardflip Backside Lipslide? Hardflip Frontside Boardslide? Vá lá Gui, não destruas os corrimões da Liga. Outro Skater bastante consistente que o vimos a arriscar mais e se deu bem por isso foi o brasileiro Thiago Monteiro em que as suas manobras de Nollie e Switch pontuam sempre bem e de forma segura. Faltou aquele Nollie Heelflip Backside Noseslide nos Best Tricks. Para uma próxima não falha Thiago!

No feminino, o nível aumenta e as raparigas não brincam. Manobras cada vez mais arrojadas, cada vez mais técnicas e cada vez mais bem dadas, é bonito ver uma evolução incrível por parte do feminino. Destaque para a Rafaela Costa com o 1º lugar, a Matilde Ribeiro com o 2º lugar e bem merecido pela sua performance bem arrojada e clean, a Maria Rodrigues que conseguiu um sólido 3º lugar e a experiente Margarida Cepeda que apesar de um 4º lugar, sempre com a pica no máximo e a não baixar os braços. De certeza que todos queremos ver mais e que as raparigas vão chegar ainda mais longe! É isso, bora!

Quanto aos júris, a coisa está a evoluir bem, as notas estão mais afinadas, as pontuações mais justas e mais adequadas. Há sempre um detalhe ou outro que falha, mas ainda bem, sinal de que podemos sempre melhorar e aprimorar o nosso Skate. Perfeição não existe, existe melhoria e capacidade de crescimento com os erros e falhas.

Houve também alterações ao nível da música. Finalmente algum Rock, Pun-Rock, Metal e não apenas o tradicional Rap ou Trap e a extinção das espanholadas que na etapa do Porto se fizeram sentir e que valeram várias bocas abertas e mãos na cabeça em sinal de “não…isto não é possível….” Há espaço para tudo, mas há um espaço muito limitado para alguns géneros de música no Skate. Porque isto é Skate e há que adaptar a música às circunstâncias. A contratação de um DJ mais moderado que soubesse chegar a todo o tipo de gostos agradando a todos os participantes não é algo tão difícil assim de se fazer e só traz um cuidado essencial num campeonato de algo que é tão importante quanto um obstáculo numa quadra: o som com que se Skata durante 3 dias.

Por último mas não menos importante, um ponto que deixou muito a desejar não foi a criação de uma categoria “Masters” mas as características e organização da mesma. Primeiro, Masters a partir dos 30 anos é ser colocado um Skater de 46 anos a competir directamente contra um Pedro Roseiro ou um Rúben Rodrigues. Claro, all for fun, mas talvez fosse mais apropriado ser mesmo a partir dos 38 / 40? Agora o que se viu foi pessoal de 20 e poucos anos a competir numa categoria que por si só até tira o significado ao nome “Masters”. O Pedro de Abreu, o Thiago Monteiro ou o Madu são Masters? Sim, são, são mestres, mas na sua Skatada, não dentro desta categoria e muito menos na sua idade. O pessoal divertiu-se mas criar uma categoria e participarem os mesmos que já entram no Open e afins? Não faz sentido. Faria mais sentido não acontecer a parte “Masters” pelo motivo de não haverem participantes suficientes. Era mais honesto e “arrumado”. Fica o apelo à organização da Liga Pro. Este tipo de situações não traz boa vibe ao pessoal mais velho que, se se sentem cada vez mais deslocados no Skate de hoje, a Liga poderia também ter mais consideração pelas camadas mais velhas no Skate que pavimentaram o caminho que hoje muitos pisam. Para uma federação que preza a organização e a melhoria constantes, bem que há coisas que podiam não ser deixadas ao acaso. Depois, num cunho pessoal, aparecem cada vez mais os wanna-be que aterraram agora no Skate e que já se acham donos do know-how ou dos anos de experiência de alguns que ainda cá andam e entram no Skate logo a “sacar cavalo” com uma taxa de moral e com uma crista levantada que tem de baixar. A responsabilidade pode não ser deles, mas talvez daqueles que lhes dão moral. Nada é dado aqui, é conquistado, era bom que as pessoas se lembrassem disso. Vamos ter esperança.

Ponto adicional e post scriptum num texto que já vai longo, os comentadores da Liga Pro para a Sport TV tentaram, com as condições adequadas que lhes são disponibilizadas, fazer o melhor trabalho possível, levando com a qualidade que o Skate merece, um bom nível profissional de comentários ao público que assiste em casa em directo ao Nacional de Skate.

Como conclusão, os campeonatos de Skate, tendo sido organizados por 25 anos pelo Radical Skate Clube estão bem diferentes, a vários níveis, desde que o Skate passou a ser considerado um desporto e passou a ser federado, tanto pelas pessoas que se encontram no Skate, como pelas características a que um desporto federado obriga. O importante é dar ao Skate e aos Skaters as melhores condições para serem levados ao nível seguinte mas sem um fim à vista, porque afinal, o Skate é uma obra interminável.

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