ONTHEOTRHERSIDE pretende dar a conhecer o pessoal que passa a maioria, ou uma grande parte do seu tempo do lado de lá das lentes.

O skate e as imagens são da máxima importância, pois é através dos registos que os skaters documentam praticamente todo o seu percurso e evolução.

Muitas das manobras, um skater não se questiona sequer a voltar a repetir, dado do seu grau de perigo e dificuldade, mas outras mais de sentido estético podem também só acontecer, depois da proeza feita, só mesmo as imagens para imortalizar o momento.

Há também um registo todo ele do “dia a dia”, nas ruas e não só, onde o lado estético é levado ao seu expoente máximo e tornam esses momento por vezes tão simples em algo especial. Normalmente esses momentos apenas existem porque há pessoal, e mesmo nesta era digital em que tudo tem uma câmera agarrada, por vezes a carregar vários quilos de equipamento, para que nada se perca.

As imagens estão mais vivas que nunca, e alguns skaters graças às mais diversas influências, passam para o lado de lá e começam eles próprios a mostrar a sua visão.

O Giorgio Ourmoney é um deles, e é com ele que começamos o ONTHEOTHERSIDE.

@giorgio_ourmoney

Retrato by Eduarda Ferreira

Antes de começarmos na temática das imagens, gostaríamos que te apresentes aqueles que não te conhecem.

Olá, chamo-me Hugo Cruz. Skater de corpo e alma desde miúdo, natural de Aveiro e fotógrafo conhecido por Giorgio Ourmoney.

Decerto que antes de te começares a relacionar com a camera o skate já estava presente na tua vida certo? Como é que começaste a skatar?

O Skate entrou na minha vida por volta de ’85, os irmão mais velhos dos meus amigos de infância, que surfavam na altura, começaram a andar de skate. Eram os rebeldes que conhecia na altura e quando os ví de skate na rua quis logo pegar em um.
Um pouco mais à frente, já a estudar na preparatória, vi a malta punk com skates no liceu mesmo ao lado. Tinham mais mau aspecto que a malta do surf que me mostrou o skate. Esse mau aspecto a junta a um comportamento meio “sem lei” foi a fórmula que bateu na minha cabeça para começar a skatar, pensei: – “Quero ser como aqueles gajos. São grande cena eles.”. Era uma crew de skate e chamavam-se “Kondenados”.

João 360flip Poveiros

E como é que te aproximaste das cameras? Foi à quanto tempo e como e que isso aconteceu?

A fotografia sempre fez parte do ambiente familiar, pai, tios e primos fotografavam, e eu admirava-os por isso. O objecto “Câmara” tinha aquele fascínio mas intocável, o pai não deixava mexer. Então ficou adormecido em mim o fotografar.
Muitos anos mais tarde conheci a Eduarda, que passou a ser a minha namorada, com a qual partilhamos vida na Póvoa de Varzim. Ela tinha material de fotografia guardado e eu perguntei se podia levar a câmara à rua passear. Prontamente disse sim e deu-me alguns “pointers” para eu começar (foi à cerca de dois anos). A Eduarda gostou do resultado dessas voltas na rua com a câmara e deu, mais uma vez, um grande incentivo para continuar. Viciei na cena e agora aqui estou. (Risos)

Ollie Casa da Música Porto

O que é que mais te motiva para fotografar? Há mais coisas além do skate que fotografes?

O principal foco na fotografia é o skate. Para além de tudo o que já se sabe, visualmente é bastante interessante e há algo mágico na forma em que o corpo “dança” em cima dele e como skater acho que nestes anos todos não dei o devido contributo à cultura, apesar de ter feito algum nome dentro dela.
Agora mais velho e com o corpo destruído, na fotografia encontrei uma forma de me manter presente e vou registando os meus amigos e fazendo parte das sessões de skate. Faço fotografia de rua, alguma de arquitectura e fotografia de produto.

Manel pgk Noseslide Póvoa

Tens alguma imagem que ocupe um lugar mais especial que as outras, e porquê?

Sim, tenho. Acho que todos os fotógrafos tem sempre aquela imagem favorita. No meu caso é uma de dois amigos skaters. É a favorita, não pela qualidade da foto mas pela maneira como foi tirada. Íamos a descer uma rua no Porto a caminho de um spot para skatar, cheios de velocidade. Não tive muito tempo para pensar, apenas olhei pelo viewfinder e disparei. A velocidade era grande e o resto de cair e partir me todo também. Adoro essa foto pelo medo e adrenalina que senti ao disparar em cima do skate a mil à hora, correu tudo bem e agora tenho a chapa.

julio dinis

Achas que existe muita ciência, para que uma imagem de skate possa ser boa e se destacar do banal?

Ciência não diria, acho que é preciso pensar um pouco fora da caixa, alguma criatividade, ter bom olho e não copiar o que já foi feito. Na minha opinião até acho bastante simples (são muitos anos a ver skate, risos).

Marco FS Nose grind Leões – Porto

Que máquinas usas? E quais as lentes que mais gostas de usar?

De momento uso a 400D da Canon, uma máquina para principiantes e já com 12 aninhos de vida. Acho a muito prática, leve e de simples utilização. Para já não há guita para mais. As lentes de eleição são, a 50mm e a famosa fisheye que os skaters tanto apreciam.

Ruka FS Board – Bonfim Porto

Tens algum skater com quem mais gostes de fotografar?

Curto fotografar todos os skaters. Somos todos conhecidos e há um ambiente de grande à vontade e descontracção, embora alguns deles sintam um grande nervosismo e pressão. Eu estou sempre descontraído e na risota, e claro, a motivá-los para darem as manobras, o que nem sempre acontece, como tu sabes.

A cores ou a preto e branco, o que gostas mais?

Adoro disparar monocromático, é a minha “marca”. Passei muitos anos a ver os álbuns de família, e as fotos a preto e branco têm aquela nostalgia e um efeito dramático brutal. Ultimamente tenho fotografado a cores algumas etapas do Nacional de Skate, organizadas pelo Radical Skate Clube (um grande obrigado à Dulce pela oportunidade, beijinhos Dulce), mas definitivamente preto e branco, tem outro encanto.

Kid FS ollie Póvoa

Tens algum objectivo pessoal enquanto fotógrafo que gostasses de concretizar?

Não tenho um definido. Só continuar a fotografar mais e melhor e que se lembrem que eu existo para o telefone tocar a convite para os trabalhos de fotografia, 91 023 74 43 (gargalhada).

Fangueiro Bigspin BS Disaster

O que podes dizer a quem queira começar a fotografar skate, quais os teus conselhos?

Pah, não tenham vergonha e vão com tudo. Tenham atitude e vontade de apanhar aquela seca porque a demora de saírem as manobras costuma ser grande. Haja cartões de memória e muita bateria. O resto das dicas dou pessoalmente e in loco.

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