Pela Califórnia, os nossos dois protagonistas desta grande viagem, continuam a viver intensamente cada dia que passa e fazer novas descobertas. Novos lugares foram visitados e skatados por estes dois e nós aqui cada vez mais cheios de inveja, mas ficamos felizes por saber que 500 anos mais tarde temos dois portugueses a fazer grandes descobertas no continente americano!

Cardoso e Jorginho, obrigado por nos darem este belo postal ilustrado das vossas aventuras aí desse lado do oceano.

Se na crónica passada o problema era já estarmos há 2 semanas na Califórnia, nesta é o oposto: já só temos praticamente uma semana para andar por aí a aproveitar uma oportunidade que poucos terão. Começa a sentir-se aquela sensação de que devíamos ter acordado mais cedo, voltado para casa mais tarde, tentado aquela manobra mais uma vez e dado mais open-cors ao Starbucks e afins, mas a verdade é que até o maior Raver da Hobo-Land aka Downtown LA fica com a sensação de que devia ter mandado mais um ácido no último festival.

Ao contrário do que muita gente pensa, andar de skate aqui não é tão fácil como parece, principalmente durante a semana. Por isso mesmo, a skate plaza de North Hollywood – Noho – tem sido a nossa segunda casa nestes últimos dias. Só demoramos 40 minutos a lá chegar, por isso podemos dizer que é mesmo aqui ao lado. Como tinha mencionado na primeira crónica, as distâncias aqui têm uma escala completamente megalómana quando comparadas com as europeias: nos dias em que resolvemos ir skatar para a Stoner ou para a Westchester, demorámos, no mínimo, 1:30h de autocarro. Sim, uma hora e meia sempre a andar no mesmo autocarro, idêntico a qualquer outro da STCP ou da Carris. Tendo isto em conta, 40 minutos é peanuts. Obrigatório é também mencionar que ainda não houve uma única viagem de metro ou de autocarro – e juro que não estou a exagerar – onde não viéssemos a estampar (estampar: verbo; acto de colar o pisto, grizar, rir intensamente;) o tempo todo com um maluco qualquer, o que faz com que 40 minutos pareçam 12. Welcome to America (aka ‘Murica), the world’s mental institution!

Apesar de adorar ir para a rua filmar, não posso negar que cada vez gosto mais de contrabalançar isso com umas boas doses de skatepark durante a semana, principalmente estando num país onde vou passar bastante tempo e não conheço muita gente. É uma óptima forma de conhecer pessoas novas, que depois podem acabar por nos levar a outros spots. Para além disso, aqui na Califórnia, os skateparks têm uma onda muito mais street do que em Portugal. Muitos deles fazem lembrar praças, que é onde eu gosto mais de andar. A maioria nem sequer um quarter tem!! Por acaso faz falta, e quem me dera saber andar melhor em transições… De qualquer das maneiras, mesmo sem quarters, levava a Noho para o Porto.

Tendo em conta que LA tem, provavelmente, as plazas mais famosas do mundo, não me arrependo de ter passado uma boa parte do tempo desta viagem a andar nelas. Acho que fomos capazes de encontrar um bom equilíbrio entre skatadas de street, park, e algum sight seeing, como é óbvio.

Na semana passada, num dia de dúvida acerca do spot a escolher, resolvemos ir até ao parque da Nike – Sixth and Mill – para ver se a sorte estava connosco e conseguíamos que nos deixassem andar. Mal vimos onde era o parque ficámos logo a perceber o seu nome, que, pessoalmente, sempre me intrigou um bocado: o pavilhão fica no cruzamento da 6th Avenue com a Mill Street, e é só fazer 3+7… Curiosidades.

Mal chegámos, demos por nós dentro do parque completamente sozinhos: a porta estava aberta e resolvemos entrar. Ficámos um bocado à espera, a ver se aparecia alguém, até nós pormos a skatar, para não dar logo aquela má impressão do “isto é tudo nosso”. Algum tempo depois apareceu o Andy, responsável pelo parque. Como temos o free pass do “ah e tal somos da Europa, Portugal, conheces?” fomos convidados para passar lá a tarde a skatar com eles. Tenho a dizer-vos que realmente andamos a nanar, porque, para além destes parques serem mesmo simples e com obstáculos mesmo acessíveis, todos têm bebidas grátis para homens. Meninas, não pode ser tudo a pala para vocês, há que variar. E por falar em à pala, tenho que agradecer à Pizzanista – pizzeria do Salman Agah – por me ter oferecido o jantar. Chegámos lá de skate e depois de ter pedido o jantar, o meu cartão não funcionava nem dava para levantar dinheiro no multibanco. “We can’t let you hungry, bro!” foi a deixa deles e ofereceram-me o jantar. Ter um skate em LA dá direito a bebidas e jantares. Yeah!

Por falar em tachos, está quase aí o dia de Thanksgiving e, como em todas as grandes cidades, há muita gente que retorna à terrinha para celebrar o feriado em família. Como não podia deixar de ser, o nosso filmer faz parte desse grupo, pelo que acabaram as boleias e as skatadas semanais em spots de street mais longe do centro. No entanto, já temos outros planos para os próximos dias. Mas só os podemos revelar por volta da quinta crónica, penso eu. E amanhã, como dão chuva, é dia de Skatelab.

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