Como bem sabes no próximo sábado inaugura no Barreiro o spot DIY Boobie Trap, e estávamos com alguma curiosidade sobre como tudo aconteceu.

Decidimos não esperar por sábado e fomos até lá, para saber um pouco mais. Saber quais as motivações e como tudo se proporcionou, para que este spot apareça agora no Barreiro e fora daquelas zonas habituais do país onde tudo acontece.

Era para nós importante, saber quais as motivações do Thaynan para estar ali no meio do pó e entulho, uma vez que a sua carreira internacional está em alta, e a sua agenda cheia de viagens e locais marcados todos eles além fronteiras.

Acima de tudo ver ainda um pouco mais de perto do trabalho em campo do João Sales e dos que o habitualmente o acompanham nestas aventuras e como a associação GASOLINE, daqueles “malucos” que surfam ondas no rio Tejo, se juntam e fazem parte deste “trio maravilha”, e que fazem uma grande sinergia e juntos “dão à luz” este magnifico spot!

Chegámos ao spot era o final da hora de almoço, e por lá se vivia um clima de calma. Pensámos nós, que o pessoal trabalha com muita calma e descontração e era assim que todas as obras deveriam ser.

A verdade, é que realmente o pessoal está descontraído, mas a calma aparente de repente termina com o fim da hora de almoço e a betoneira volta outra vez a trabalhar e o ritmo do trabalho duplica.

O Thaynan é o homem que prepara o betão e controla a betoneira. Quem diria que o ainda íamos ver a fazer tal coisa e com tanto prazer.

Nesta obra também há garrafas de mini no chão, pessoas de outras nacionalidades a trabalhar e acreditem vocês até uma miúda… esta é uma obra mesmo muito à frente!

Neste projecto está o grande exemplo de como as pessoas organizações e também marcas se devem unir, de como vale a pena meter as mãos à obra.

O resultado já vimos uma parte dele e também nós hoje aprendemos algo mais com a visita ao Boobie Trap. Estão todos de parabéns e RESPECT por esta grande atitude de materializar o Boobie Trap.

Esta é uma conversa a 3 partes com o Thaynan, o João Sales e o Ricardo da Associação Gasoline.

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Thaynan. De onde veio esta ideia de “arregaçar as mangas” e construir o Boobie Trap.

Eu já por muitas vezes falei com um dos meus amigos, o Def, que devíamos saber e aprender mais sobre os spots DIY e colocar nós mesmos em prática isso. Entretanto já tinha falado várias vezes com o Sales que queria fazer um projecto DIY, mas estava faltando um espaço onde fosse possível construir ou obter uma autorização.

O Sales falou com uma série de amigos dele, para ver se alguém conseguia. Entrou em contacto com várias pessoas, pensou se em vários lugares mas este local aqui no Barreiro e a associação GASOLINE foram os que conseguiram uma autorização para construir.

Um projecto desses não aparece só com boa vontade do pessoal certo? De onde veio o apoio financeiro e não só para colocar de pé o Boobie Trap?

O principal apoio vem da RED BULL que financiou as matérias primas. Inicialmente idealizei um projecto e mostrei a eles o que queria fazer, ele gostaram da ideia e deram uma verba para gastar nos materiais e no que fosse necessário mais para colocar este projecto de pé. A Câmara Municipal do Barreiro também tem ajudado com uma série de materiais e meios e alimentação do pessoal que tem andado aqui a trabalhar.

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Porque é que deram o nome de Boobie Trap a este spot?

Antes de mais já havia aqui algumas coisas para andar de skate, só que era mau e chamavam a isto o “Skatepark da Trampa”, o sitio só tinha umas lombas aí no meio em forma de “mamas”, começamos a dizer vários nomes com “boobies” e pelo meio do Sales sugeriu o Boobie Trap e gostámos todos e como tem alguma coisa a ver com o local, foi o que acabou por ser escolhido.

Como é que o pessoal da GASOLINE e o Sales se cruzaram, e como é que juntamente com o Thaynan e a crew dele acabam todos juntos aqui?

Conhecemos o Sales através de um amigo em comum que é o João Tacão, que é o vice presidente da GASOLINE. Durante o evento da CONVERSE que houve em Lisboa o ano passado que fomos conversando e das nossas ideias aqui para o Barreiro. Mais tarde juntamente com Thaynan viemos ver aqui o espaço, e prontamente decidimos que era aqui que queríamos construir o spot.

Nós através da associação começamos as conversações com a câmara, começamos a tratar das burocracias e lá conseguimos legalizar aqui este espaço.

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Quer dizer que aqui na cidade do Barreiro só havia mesmo o que aqui estava antes para o pessoal skatar é isso?

Sim é isso, o que nós tínhamos também antes era um spot de rua, que era a estátua do Alfredo da Silva. Este era um spot brutal que tinha gaps, escadas, bancos etc… provavelmente um dos melhores spots nacionais. Mas quando foi a construção do Fórum e do novo mercado, acabaram por deitar aquilo abaixo. Acabámos assim sem o nosso melhor local para skatar e que também era um bom ponto de encontro. O desaparecimento desse spot acabou por fazer com que o skate aqui na zona acabasse por morrer aqui na cidade.

Pelo meio passaram-se cerca de uns 7 anos, que quase não se falou de skate aqui no Barreiro, mas ultimamente tem vindo a acontecer um reaparecimento de pessoal a skatar em novos spots aqui na cidade, e agora com estas novas condições tenho e certeza que vamos ter mais gente ainda aqui na cidade a skatar.

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Sales, tem sido complicado colocar este projecto de pé?

Não. Acho que este projecto tem ido ao sabor do vento, as coisas estão bem organizadas, tenho comigo uma equipa de trabalho excepcional que está a “dar o litro” de principio até ao fim. A Câmara municipal também tem sido bastante cooperante com o nosso trabalho e a RED BULL estão a ser fantásticos e tem trabalhado no sentido de que não nos falte nada.

Já aqui estão à algumas semanas e com estas grandes alterações climatéricas de dia semana para semana, desde que aqui estão vocês já experimentaram as 4 estações do ano aqui no spot enquanto trabalham. Tem sido complicado lidar com o tempo?

Sim é verdade nós aqui já passámos desde o muito calor com verdadeiros dias de verão da mesma forma que já tivemos dias muito frios e com muito vento, bastante chuva e mesmo trovoada. Nós aqui já passámos mesmo por tudo o que são adversidades climatéricas e lidar com betão com algumas dessas condições, não é mesmo nada fácil.

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Tu és o grande impulsionador dos spots DIY em Portugal, como é que chegaste até aqui ao ponto de viver da construção de spots e estruturas, e porque é que achas que isto é tão importante?

Para mim tudo começou com o skate em Leira, sempre fizemos as nossas rampas e os nossos spots para skatar. De vários lados fui ouvido que os spots DIY era o caminho mais certo, porque havia muitas dificuldades em obter apoios de outras partes. Por isso quando as condições não aparecem, temos de ser nós a cria-las.

Além disso, uma vez tivemos a visita do Pontus Alv em Leiria, viu a “Jersey Barrier” que tínhamos construído, disse nos que estava a fazer o mesmo na Suécia. Comecei a seguir mais de perto o seu trabalho e projecto, fui me inspirando nele, e aí estou eu a construir.

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Qual é a importância do aparecimento destes spots especialmente aqui em Portugal.

Eu acho que é importante do DIY porque dá uma oportunidade a espaços que não estão a servir para nada. É bom os skaters ligarem aos sítios onde andam de skate, tratarem deles e construírem neles, porque assim se sentem mais ligados ao seu spot local.

Certamente que mais uma vez aqui estás a dar um bom exemplo, para que o pessoal comece a ter uma visão mais de união e cooperação. E mostrar que por vezes a solução não é esperar e fazer para que as coisas aconteçam certo?

Sim sem dúvida. As pessoas devem se juntar em torno seja daquilo for. Vejo o exemplo do que fazem aqui no Barreiro com o dia D, as pessoas nesse dia juntam-se e promovem melhorias nas áreas onde vivem, para que se sintam melhor onde estão e acho que com o skate é a mesma coisa.

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Sabemos que já há aí mais pessoal a começar a promover estas iniciativas de recuperar espaços para skatar. Que conselhos tens para esse pessoal?

Devem começar por experimentar os materiais, perguntar a quem sabe e fazer, tirar umas ideias “daqui e dali” e ir aprendendo com os erros como eu fiz, acho que esse é que é o caminho… é assim que é o skate, é ir tentando até conseguir.

Falta quase um dia para que seja feita a inauguração do Boobie Trap, as coisas parecem bem encaminhadas embora ainda haja algumas por terminar. Estás confiante que estará tudo pronto até sábado certo?

Sim está tudo a caminhar nesse sentido, e estou confiante que no sábado tudo estará pronto para uma grande festa e acima de tudo um grande dia de skatada para a inauguração deste espaço.

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Thaynan, sábado é o grande dia. Até lá e em tom de despedida, o que queres mais dizer ao pessoal?

Isto está lindo não está?(risos) Bem aqui não esperem um campeonato nem campeões nacionais… (risos).

Eu quero que o pessoal apareça e se venha divertir, vai haver tudo para o pessoal passar aqui um grande dia, com um churrasco e um grande convívio. Podem aparecer todos porque o parque é muito grande e agradável e o spot acima de tudo está muito “style”!

Foi construído por skaters e para skaters, estamos cá para andar de skate e quem quiser aparecer para se divertir… nós vamos estar aqui de certeza! (risos)

Só mais uma coisa, quero dizer ao pessoal para que se comecem a mexer mais. Juntem um grupo de amigos e comecem aos poucos.

Ponham os olhos no pessoal do norte da Europa e na sua cultura DIY. Já são pelo menos 15 anos, que eles juntam e fazem coisas destas. Aqui é muito comum os skaters ficarem à espera das pessoas lhes dão as “rampas”.
Se é bom que apareçam mais skateparks, é claro que sim. Mas quando tu fazes um spot, com as tuas mãos, vais dar muito mais valor às coisas.

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