A ideia de viajar e ir à procura do desconhecido ou simplesmente de lugares diferentes dos habituais, é capaz de fascinar qualquer pessoa. Nós não fomos à procura do desconhecido, fomos à procura de spots que alguns de nós ainda não tinham tido a oportunidade de skatar. Para aproveitar o tempo livre de escola, faculdade e trabalho, decidimos que íamos para o norte, e daríamos por terminada a nossa viagem em Felgueiras. Fomos com a ideia de que íamos fazer uma “mini-tour”, mas voltámos com a sensação de que se tratou de uma simples viagem entre amigos. (Gonçalo Vilardebó, Rui Ferreira, Diogo Carmona, Jorge Matreno e eu o Duarte Gaivão)
Partimos de Oeiras, e o destino seria Leiria. A viagem não era longa, e tornava-se mais curta quando íamos todos a curtir e a conversar. Os assuntos eram variados, desde o skate à política, da música ao futebol. Tudo era assunto para tornar uma viagem, aparentemente secante, em algo divertido.
Enquanto seguíamos pela estrada nacional, em que era possível ver-se um pouco de tudo (literalmente), deparámo-nos com um dos grandes monumentos nacionais, o Mosteiro da Batalha. Decidimos parar, porque tínhamos visto uma grande praça nesse mesmo sítio.
Ficámos fascinados.. Além de toda a beleza arquitectónica e histórica que o Mosteiro oferece, tem também uma praça gigante em todo o seu redor. E era precisamente isso que nós procurávamos. Queríamos encontrar spots que dessem para todos skatarmos ao mesmo tempo para todos sentirmos a pica uns dos outros.
Foi precisamente isso que aconteceu. Todos tivemos formas e perspetivas diferentes de encarar o spot – acho que essa é a “magia” do skate- e todos conseguimos sair de lá com filmagens e/ou fotografias tiradas.
Seguimos viagem e fomos “On the Road” mais uma vez para continuarmos até Leiria. Antes de irmos skatar o spot mais mítico e histórico de Leiria, fizemos uma pausa e parámos no supermercado para “abastecermos”. Durante essa pausa, deu tempo para comermos, falarmos, filmarmos e quase que deu para ser atropelado. Felizmente, a condutora era muito simpática e quando lhe pedi desculpa pelo susto que causei (tanto a mim como a ela) ela sorriu e disse para ter mais cuidado.
O susto passou, e estávamos prontos para ir à Fonte Luminosa. O spot é tal e qual como se vê nos filmes.. curbs perfeitos, chão perfeito e ambiente perfeito. Alguns de nós ainda não tinham tido a sorte de skatar aquele spot, que já foi skatado por skaters como Jamie Thomas, Austyn Gillette, Pontus Alv, Ricardo Fonseca, entre outros.
Conseguimos filmar alguns toques mais uma vez, e todos fizemos um pouco de tudo. O mais engraçado nesta viagem, foi que além de todos termos conseguido skatar, todos conseguimos estar do outro lado para filmar o próximo. Fez-me lembrar as skatadas que tínhamos quando éramos mais novos em que todos filmávamos, e todos nos divertíamos e conseguíamos sempre ter alguma filmagem de algum sítio.
Já estava quase a anoitecer, e era tempo de ir recarregar baterias e ir jantar. Fomos ao restaurante “32 “comer francesinhas, e aproveitámos para descarregar filmagens, carregar as baterias das máquinas, beber, comer e descontrair mais um bocado. Aliás, descontração foi o lema desta viagem. Conseguimos fazer tudo, sem haver qualquer stress. No restaurante deu tempo para ver as fotografias e as filmagens que tínhamos feito. Desde as lines do Diogo, ao rail do Ruka passando pelo tailslide do Gonçalo. Todos estávamos satisfeitos com o que tínhamos feito naquele dia, e quando demos por nós estava o restaurante a fechar e estava na altura de irmos procurar uma floresta ou um mato para irmos montar as nossas tendas e passar a noite. O espírito aventureiro estava presente em todos nós.
No dia seguinte acordámos um pouco doridos, talvez porque esquecemo-nos de levar colchões e o sítio em que ficámos a dormir era bastante inclinado, o que fez com que alguns de nós acordassem totalmente encolhidos no fundo das tendas.
Antes de partirmos ainda deu para recebermos uma visita simpática de um agricultor que nos avisou que estávamos acampados num terreno de um estabelecimento prisional. Felizmente a única visita que tivemos foi só mesmo daquele senhor, um ex-guarda prisional, que ainda nos presenteou como uma caixa cheia de batatas do seu terreno, e pediu gentilmente que fossemos embora daquele sítio.
Foi exatamente o que fizemos e seguimos para outro grande spot em Leiria, a Cerâmica. Assim que chegamos lá, fiquei totalmente deslumbrado com o sítio. Consegue-se perceber o empenho que o pessoal de Leiria teve na construção daquele spot – tudo pensado até ao último detalhe. E é necessário enaltecer o feito daquele spot. Parabéns!
Não conseguimos ficar muito tempo na Cerâmica porque o sol já estava no ponto mais alto e era impossível encontrar uma sombra lá, pelo que seguimos viagem até Coimbra.
Coimbra é uma cidade perfeita. Tive a oportunidade de estudar lá e por isso já sabia de alguns spots que podíamos skatar e visitar. Fomos a um dos pontos mais altos da cidade onde tivemos a skatar numa pequena praça em que se podia skatar manuals e umas escadas. Deu para o Gonçalo e o Ruka filmarem mais umas coisas, e deu também para o Diogo se aleijar no pé a dar um flip nas escadas. De todos os que foram nesta viagem o único que não conhecia bem era o Diogo, mas não me deixou de surpreender a atitude que ele tem em cima do skate e a vontade que tem para skatar escadas e gaps.
Com o Diogo “encostado ás boxes” e nós também já a sentir algum cansaço decidimos descer até à zona do rio Mondego. O Gonçalo teve tempo para skatar um rail, e depois disso conseguimos ver o mítico spot do Nuno Relógio e do seu famoso corrimão. Só tenho a dizer que aquele corrimão é qualquer coisa de impossível e só de olhar deixa qualquer um com receio.
Estava a chegar ao fim os nossos dois grandes dias de viagem, mas ainda deu tempo para procurarmos um sítio onde ficar nessa noite. Muito procurámos e finalmente encontrámos um sítio que aparentemente (à luz do dia) era perfeito. Já tínhamos tudo praticamente preparado, então fomos jantar e ficámos a fazer tempo no restaurante do “M” gigante e amarelo. Tivemos mais uma vez a rever as filmagens e fotografias todas, e todos estávamos satisfeitos com o que tínhamos produzido.
Já era tempo de irmos para o nosso “acampamento”..
Estava bastante escuro e não queríamos fazer grande alarido a montar as tendas, e surpreendentemente conseguimos. Ficámos até às duas da manhã a conversar e a beber umas cervejas, até o Diogo ouviu um barulho que vinha do meio da escuridão das árvores. Ficámos todos em silêncio, e de repente já todos conseguíamos ouvir esse mesmo barulho. Ninguém conseguia dizer o que seria aquele barulho estranho, tanto podia ser uma pessoa ou um animal. Eu e o Gonçalo decidimos ir averiguar o que se passava por detrás daquele monte de ramos e folhas, mas o escuro era bastante e não conseguimos ver nada. Mas o barulho continuava a surgir, foi então que decidimos mudar de sítio e ir para perto do rio, para uma zona de campistas.
Chegámos a esse sítio e já não ouvia barulhos estranhos, só mesmo os dos carros que passavam a cerca de 50 metros daquele sítio. Conseguimos todos ter uma boa noite de sono – dentro do possível – e no dia seguinte após um banho de “torneira”, demos a nossa viagem como terminada e seguimos viagem até Felgueiras onde ainda deu tempo para o Diogo dar um grande Bs Big Spin num gap.
De regresso a casa, fica a sensação que este tipo de viagens são para repetir. O simples convívio e skatada entre o pessoal é único, e o facto de não haver qualquer pressão sobre nós permitiu-nos disfrutar ao máximo desta viagem. Posso garantir que não seria o mesmo se tivéssemos optado por ficar num hotel.. Mas isso é o que o skate nos ensinou ao longo dos anos: “Go hard or go home”.
Para finalizar queremos agradecer à ONSK8 pelo convite e por estes dois dias fantáticos ON THE ROAD!
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