O Davis Trogerson fala mesmo muito, mas adorámos todos os minutos que estivemos à conversa. Davis vem lá bem do norte dos Estados Unidos. Não é o Alaska, mas neva quase o inverno todo, o que o impossibilita de skatar na rua uma boa parte do ano. Mesmo assim, sem recorrer ao cliché habitual dos skaters que se mudam para a califórnia para conseguir um lugar ao sol, ele deu nas vistas e está hoje skatar para um team de sonho.

Recentemente este skater teve direito ao seu primeiro pro-model pela REAL e vais saber muito mais sobre este skater nas próximas linhas…

Olá Davis, consegues dizer um pouco mais sobre ti?

Sou o Davis Torgerson, acabei de fazer 25 anos, sou de Plymouth Minnesota, ando de skate desde os meus 12 anos de idade. Actualmente vivo em Los Angeles.

Como é que começaste a andar de skate?

O filho de uns amigos da minha mãe andava de skate, e quando eles iam nos visitar a nossa casa eu ficava com ele a skatar à frente de casa. Mais tarde acabei por arranjar um skate para mim. No Minnesota o inverno é muito duro e dura muito tempo. Por causa do mau tempo passei os primeiros 6 meses dentro da minha garagem a skatar no chão aprendendo uma grande parte das manobras básicas do skate que consegues dar no chão. Sinceramente pode ser muito estranho para muitos daqueles que podem skatar na rua o ano inteiro mas para mim foi perfeito porque desta forma aperfeiçoei muito as minhas bases. Quando veio o verão finalmente consegui ir para o skatepark e foi aí que fiquei mesmo viciado.

Como é que é para um skater do Minnesota conseguir dar nas vistas, sabendo que muitos skaters mudam-se para a califórnia para que sejam vistos e consigam a sua oportunidade?

Há mais skaters do Minnesota que hoje em dia são ou já foram profissionais, como o Steve Nesser e há mais uns quantos.
Nós temos um inverno muito duro mas temos vários skateparks cobertos, e então é quase como quando me iniciei na minha garagem, mas à escala do skatepark e praticamos mesmo muito.
Quando chega o verão, estás cheio de pica para skatar na rua, que metes em prática tudo aquilo que aprendeste durante o tempo que ficaste fechado dentro do skatepark.
Por skatar muito no skatepark, acabei por ir a muitos campeonatos, e comecei a ser vistos pelas marcas e pelos team managers. Fui arranjando patrocínios e comecei a fazer uma série de viagens, e a começar a passar temporadas por outros locais. Estou muito feliz como as coisas se foram proporcionando para mim, hoje em dia gosto muito de vir ao Minnesota e encaro as minhas vindas cá como fazer férias.

Ontem já tiveste a oportunidade de skatar por cá, o que é que achaste das condições que nós temos cá para skatar?

Ainda só conheci um skatepark (Chelas), mas as condições deste skatepark são fantásticas. Aparte dos skateparks cobertos que temos no Minnesota, os que temos na rua são maus, em nada se aproximam às condições deste que já fui aqui, e já ouvi dizer que o parque onde vamos dar a primeira demonstração ainda tem melhores condições que este.

No ano passado conseguiste te qualificar e competir no Street League. O que é que pensas sobre esses campeonatos., achas que são benéficos para o skate e para a sua imagem alternativa, rebelde e descomprometida?

É complicado… a maior parte de nós quando começou a andar de skate, fê-lo por ser algo diferente e por estar associado a um estilo de vida que não tem a ver com desporto. Mas o skate cresceu tanto que penso que estas coisas são inevitáveis. Cada vez há mais dinheiro em prémios no skate. Quando era miúdo certamente que não iria concordar com estes campeonatos, mas agora sou um skater profissional e é estranho dizer desta forma, eu não encaro o skate como um trabalho, mas sou pago para andar de skate e dou por mim a skatar com skaters que sempre admirei e divirto me imenso em estar lá com eles.
Temos de aceitar que o skate está a crescer cada vez mais, e é bom que também vás evoluindo com ele.

O que é que achas que mudou mais no skate?

A grande mudança, é que o skate hoje em dia já é aceite, eu não sou dos skaters mais velhos e noto essa mudança de mentalidade. Dantes éramos um bando de putos delinquentes, e hoje em dia são os pais que acham que é fixe e metem os filhos a andar de skate.

Como é que achas que o skate mudou a tua vida?

Essa questão é dura! (risos) Provavelmente teria ido para a faculdade, cheguei mesmo a estar inscrito, mas a um mês das aulas começarem, entrei na REAL, e disse aos meus pais que iria fazer uma pausa por um ano, sabendo que para mim isso não seria um ano mas sim 10 (risos). Provavelmente teria acabado a universidade e agora estaria num emprego aborrecido. Por isso o skate mudou mesmo muito a minha vida e para muito melhor… ah espera, se calhar depois de estudar eu até consegui ganhar muito dinheiro e agora até era milionário! (risos)
Isso não interessa para nada, eu sou mesmo feliz é assim e isso é o mais importante!

Tu é muito bom a responder às nossas questões, e de certeza que vamos ocultar algumas coisinhas nas respostas anteriores, para que possas agora responder a esta questão… o que é que gostas de fazer no teu tempo livre?

Adoro jogar golfe que é algo que faço de muito novo e comecei a jogar com o meu pai. Hoje em dia passo muito tempo a skatar e também procuro algo diferente para me distrair do skate. Já tentei surfar com o Mikey, não sei se sabes mas ele é completamente viciado em surf, uma vez fui com ele, e levei uma granda tareia. De fora até parece simples, mas só conseguir passar a zona de rebentação foi um martírio. Eu sou um tipo que vem de uma zona onde só há rios e lagos e o oceano ainda continua a ser um grande mistério para mim.

E jogas golfe com outros skaters?

Às vezes eu costumo fazer uma piada e digo que há uma sociedade secreta de skaters que jogam golfe. Eu costumo jogar muitas vezes com o Matt Miller ou com o Sean Malto quando ele anda por Los Angeles e também jogo muito com o Eric Koston que joga mesmo muito! Acho que se ele se empenhasse mais no golfe, poderia facilmente ser um jogador profissional.

Conheces algum dos skaters do team nacional da DC?

Recordo-me do Jorge Simões e de o ver a skatar no último campeonato em Tampa, e recordo-me do speaker do campeonato dizer que ele era de Portugal. Mas é só mesmo isso que eu sei dos skaters do team nacional da DC.

E falando de expectativas… há algum spot que sabes que é cá que queres mesmo muito skatar?

Sim há. Sei que há uma praça fantástica a caminho do Porto (Leiria), que tem um chão muito suave e uns curbs fantásticos e tenho a certeza que todo o team vai querer ali skatar. Eu gosto de ir para as viagens e ser surpreendido e não vir já com grandes expectativas para os spots por onde possa vir a skatar.

Queres enviar algumas palavras aos skaters de Portugal?

Sim quero! Espero que se divirtam o máximo possível em cima do skate. Portugal parece ser um local muito bom para viver, vocês tem ótimas condições para skatar, e divirtam-se ao máximo com os vossos amigos!

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